A ciência do hábito

Normalmente quando eu quero consumir conteúdo mas não sei exatamente o que quero naquele exato momento, eu entro no YouTube e procuro por alguma palestra do TED Talks que me chame a atenção. E hoje não foi diferente…

Em torno de 15 minutos a professora Tali Sharot com idéias simples mas muito esclarecedoras e importantíssimas para o domínio de qualquer pessoa que lide diariamente com hábitos não apenas próprios mas de outras pessoas que são influenciadas por você.

Tentarei resumir brevemente o conteúdo passado no vídeo mas recomendo fortemente que o assista e trace o paralelo com qualquer área que julgar pertinente. No meu caso, sempre traço o paralelo com o ensino do futebol por motivos óbvios…

Ps: o áudio do vídeo é em inglês mas é possível assistir com legendas em português.

Talvez a essência do que a Tali diz não seja lá tão nova empiricamente para você mas quando ela teoriza e demonstra estudos que comprovem esta essência a sensação (pelo menos pra mim) é encantadora.

Basicamente a apresentação consite em comparar as abordagens com relação a uma ação ou comportamento e suas consequencias. Uma abordagem, talvez a mais comum, é a de emitir avisos ameaçadores. Nesse momento a Tali utiliza exemplos de excesso na alimentação e de fumo. A reação a essa abordagem em muitas vezes é fugir da realidade para evitar os sentimentos ruins. Aí vem o exemplo da bolsa de valores e da m… no ventilador! Quando a previsão negativa torna-se uma realidade presente, a maioria das pessoas age mas aí já é tarde demais.

A segunda abordagem consiste em focar na informação positiva e aceitar o mais desejável. E para provar que essa estratégia é mais apropriada a palestrante apresenta resultados de pesquisas que corroborem.

Na primeira pesquisa utilizada como referência a conclusão é que não importa a idade da pessoa, todos vão absorver informações que desejam ouvir mais do que as que não querer ouvir. Mas isso não necessariamente é a melhor forma de agir e aí ela demonstra o exemplo do rapaz acima do peso que como consequência se vê no espelho com um corpo atlético. E aí ela aponta o erro de professores, mentores e empregadores que ao invés de trabalhar com a imagem positiva que as pessoas tanto se esforçam em manter, estes tentam metaforicamente colocar um espelho na frente delas. E o motivo de não funcionar é que o cérebro irá distorcer essa imagem para que consiga a imagem que o deixa feliz.

Então que tal um alinhamento com a forma como nosso cérebro funciona e não contra ela?

Neste momento ela dá o exemplo de um experimento feito em um hospital com médicos e a quantidade de vezes em que lavavam as mãos antes de visitar um paciente. Nesse estudo, ao invés de a intervenção focar nos avisos que insistem na importância da higiene para evitar contaminação para obter o resultado esperado, eles focaram em três grandes princípios:

  • Incentivo Social
  • Recompensa imediata
  • Monitoramento do progresso

Neste momento eu paro de resumir o vídeo, deixo pra você decidir se vai assistir ou não pra saber mais da especialista e como dito anteriormente, traçarei o paralelo com o ensino do futebol em minhas palavras.

Confiança na relação com bola

Oportunize em suas sessões que os alunos/atletas desenvolvam a relação com a bola para que tenham mais confiança em partidas e aumentem as chances de sucesso!

Incentivo Social

“Enfatizar o que os outros estão fazendo de bom é um ótimo incentivo”.

Para este paralelo, darei um exemplo comum de ser visto em minhas aulas quando quero estimular as crianças a utilizarem o pé não dominante. Eu proponho uma tarefa (gol-a-gol ou jogo de derrubar cones por exemplo) e estipulo que cada vez que atingir o objetivo ganha um ponto. Na progressão da tarefa, eu digo que se atingir o objetivo utilizando o pé não dominante ganha três pontos. Parece ser uma tarefa desconfortável para muitas crianças mas há o incentivo de, com uma só tentativa ganhar mais pontos. E se os três pontos não forem incentivo o suficiente? Após anunciar a progressão, eu passo a enfatizar em alto em bom tom a cada vez que vejo alguem conseguindo os três pontos. E isso incentiva que outros passem a tentar cumprir a tarefa com o pé não dominante pois outros o estão fazendo. E isto me leva ao próximo tópico pois a cada vez que eu sou bem sucedido com o pé não dominante o professor me providencia a…

Recompensa imediata

O simples fato de o professor de futebol, alguem admirado pela maioria dos alunos enfatizar em alto e bom tom o meu acerto para todos os presentes saberem me cativa, me motiva, faz eu me sentir bem além de estar estimulando um hábito que me será benéfico no futuro (ambidestria).

Mas e se isso não for o suficiente? Aí cabe ao professor/treinador a criatividade de imediatamente recompensar este aluno de outra maneira. O importante é fazer com que aquele(a) aluno(a) se sinta recompensado por seu esforço.

Reiterando: estou buscando criar um comportamento benéfico para o futuro mas a recompensa também é imediata.

Monitoramento do progresso

Esse talvez exija um pouco mais de trabalho e criatividade mas é igualmente importante. E podemos nesse momento exaltar a importância da análise de desempenho.

No meu ambiente que é a escola de futebol vai depender mais da disposição e proatividade do professor. E abaixo demonstro um exemplo.

A imagem acima demonstra o monitoramento do progresso dentro de uma mesma aula. Um desafio, três chances cada aluno e uma pontuação total.

Tendo isso arquivado, quando eu repetir este desafio eu poderei comparar os números, assim monitorando o progresso. A idéia é demonstrar que o aluno pode sempre alcançar mais e melhor!

E aí, o que achou? Curta, comente, compartilhe e continue seguindo para mais!

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