O que eu acho que Brasil x Croácia me ensinou na Copa de 2022

E espero que mais pessoas possam aprender tambem…

Eu nasci em 1989. Minhas primeiras lembranças de seleção brasileira são da Copa de 1994. Extremamente marcantes! Algumas poucas lembranças da Olimpíada de Atlanta, muitas lembranças da Copa de 1998 que assinalo como momento chave para eu me tornar um aficionado em futebol.

Costumo dizer em conversas que eu e outros da minha geração fomos mimados no quesito Copa do Mundo. Dos três primeiros mundiais que tenho lembrança, o Brasil chegou na final de todos e foi campeão em dois. Esse jejum que não é novo pra muita gente, é extremamente estranho para mim e minha geração. Mas reclamar? Eu comemorei dois títulos e um vice! Já existem gerações inteiras que a melhor classificação da seleção que testemunharam, ficou mais marcada por um 7 a 1 do que pelo quarto lugar.

Como professor e profissional graduado em educação física e esportes, atuante no futebol infantil pelos últimos 8 anos, me sinto na obrigação de digerir esses acontecidos com discernimento e sensatez. Sim, eu tenho emoções e sentimentos de torcedor. Mas se deixar tomar por elas é escolha de cada um.

Aguardei dolorosos e inquietantes cinco dias para começar a escrever, o que sempre me ajuda a “digerir” acontecimentos e emoções. Ouvi, li, pesquisei, abri a mente para opiniões divergentes. E acho que meses depois de ter iniciado esse texto, posso dizer que aprendi o seguinte:

1- Na derrota, ignoramos a participação do acaso

Se pudéssemos calcular a probabilidade de o chute de Bruno Petkovic bater na perna do Marquinhos e rechaçar ou desviar para fora do gol, será que ela seria mais alta ou mais baixa do que a de terminar dentro do gol, fora do alcance do Alisson como aconteceu? Eu desconfio que seria mais alta mas é só opinião e achismo.

Assim como aconteceu no jogo Argentina x Croácia onde por duas vezes a bola rechaça em jogadores croatas e sobra nas duas vezes nos pés do Julian Alvarez para marcar o segundo gol portenho.

O jogo é formado por uma série de acontecimentos que por vezes se conectam com a competência, por outras vezes se conectam com um acaso além de nossa compreensão e controle

E se o juiz tivesse marcado pênalti do Josip Juranovic ainda no tempo normal quando a bola resvala em sua mão? E se em pelo menos um dos onze chutes defendidos por Livakovic o destino quisesse que a bola entrasse? E se o penalti do Marquinhos fosse um, dois ou três centímetros mais pra direita?

A Argentina teve decisões tão ruins quanto o Brasil ou piores e está na final. O acaso acontece e muito no futebol.

2- Tite, Fred e o penalti que Neymar não bateu

Na minha opinião, Tite errou ao colocar Fred e não Fabinho no segundo tempo da prorrogação.

Na minha opinião, Fred errou de estar avançado no lance do gol de empate croata.

Na minha opinião, Casemiro errou de não fazer a falta para que o contra ataque não acontecesse.

Na minha opinião, todos os responsáveis erraram no fato de Neymar não ter participado da disputa de pênaltis

Mas isso não apaga tudo de bom que todos esses citados construíram até esse momento crucial.

Não digo que esses erros não devam ser criticados e debatidos. Mas como disse Pedrinho (POR FAVOR ASSISTA), vai na bola!

Aprendam e passem o aprendizado adiante de ver o erro sem diminuir a pessoa que existe por trás do jogador e do treinador.

3- Autonomia para atingir pleno potencial

No lance do gol da Croácia, o jogador Fred tomou a decisão de infiltrar/penetrar no ataque e correr para disputar uma bola perdida na linha de fundo do time europeu. Será que foi orientação do Tite ou de alguem da comissão técnica? Eu digo que foi tomada de decisão precipitada do atleta. E aí vou abrir uma discussão muito mais ampla, maior do que e além do futebol. Será que educamos pessoas para atingir seu pleno potencial no Brasil? Ou estamos constantemente doutrinando e ordenando que façam o que julgamos correto? Reflita.

São coisas pequenas como amarrar o cadarço, escovar os dentes, arrumar a mochila que ou os adultos fazem pelas crianças, ou mandam fazer, criando uma dependência e preguiça mental que por menor que possa parecer no momento, terá impacto por uma vida toda.

4- Assumir responsabilidades

Essa é uma dificuldade tremenda na nossa cultura. Estamos constantemente transferindo, jogando a culpa pra outros. Se o ditado “errar é humano” sempre foi tão popular, por que temos tanta dificuldade de assumir nossos erros?

5- Força e preparação mental

Eliminação após eliminação, a história é praticamente sempre a mesma. É fragilidade mental e emocional nas horas críticas. Absolutamente nenhuma das eliminações desde 2006 pode ser atribuída às vertentes físicas e técnicas do jogo. A vertente tática pode até ser apontada como parte da história mas claramente influenciada pelo mental. E nisso, temos muito a aprender com os croatas que vem fazendo “doutorado em prorrogação e pênaltis” em Copas do Mundo.

E enquanto lia para preparar esse texto, me deparei com uma notícia dizendo que o atleta do Grêmio Jean Pyerre de 24 anos anunciou aposentadoria por não mais estar motivado e feliz com jogar futebol profissionalmente.

Jogador que teve muita expectativa gerada na transição para o futebol profissional decide tão jovem que não quer mais viver do futebol profissional. Será que houve preparação mental para a carga de pressão nesse meio?

6- Desliguem a máquina de moer pessoas e idéias

Craque Neto, Galvão Bueno entre outros moendo os profissionais envolvidos no talvez momento mais difícil da carreira deles. Uns de forma até aparentemente elegante em seus comentários, outros de forma ofensiva. Parece até que essas pessoas são 100% efetivas em suas vidas profissionais, imunes de erros.

Exageram em suas análises, geram desrespeito e ódio. Ganham dinheiro para isso. Não tem um pingo de empatia pela vida humana. Egoístas, abrem a boca para se sentirem melhores e não agregam nada de bom à sociedade.

E aí, entre outros, um jovem de 24 anos moído pela cruel máquina.

7- Assuma o controle da sua vida e sua própria felicidade

Seleção brasileira ganhando ou perdendo, seu salário e suas contas não mudam. A seleção de futebol e a Copa do Mundo, se você não é profissional de área diretamente relacionada ao futebol profissional, devem ser entretenimento para você. Sua vida e sua felicidade devem ser controladas por você, não por um time de futebol. E se você acha que faria melhor que o Tite, ou o Fred, ou qualquer outro que ali estava, dedique-se a chegar ao lugar deles então.

Talvez esse texto tenha um pouco de desabafo, talvez tenha um pouco de corporativismo, talvez não seja 100% imparcial devido ao meu amor infantil pela seleção, por futebol e minha admiração pela carreira e discurso em diversas ocasiões do treinador Tite (não sou “fanboy” dele e tenho sim ressalvas e críticas à ele). Mas na intenção de colocar a razão à frente da emoção o máximo possível, cheguei à esse produto final. Talvez em algum tempo, eu ressignifique esse aprendizado, mude de convicções e reaprenda algumas coisas. Mas uma coisa que espero ter sanidade mental pra nunca mudar, é a de dar tempo pra refletir e formar uma opinião NA BOLA.

E aí, o que achou? Se inscreve no canal, clica no sininho, curta, comente e compartilhe para que o canal alcance mais pessoas e possa continuar fazendo mais e melhor pelo futebol!

Youtube

Facebook

Instagram

Twitter

Deixe um comentário

Preencha os seus dados abaixo ou clique em um ícone para log in:

Logo do WordPress.com

Você está comentando utilizando sua conta WordPress.com. Sair /  Alterar )

Foto do Facebook

Você está comentando utilizando sua conta Facebook. Sair /  Alterar )

Conectando a %s